9.12.06

PORQUE HOJE É 9 DE DEZEMBRO...

3.12.06

Saudades...

Não sou, nem nunca fui, um tipo solitário! Nem mesmo quando isso acontecia por força da minha estupidez...

Não gosto de estar sozinho, de comer sozinho, de viver sozinho... Sou dependente de companhia e, na falta de melhor, faço uso da minha “esquizofrenia terapêutica” e desdobro-me em personagens... enfim, não vale a pena explicar.

A verdade é que, agora, vivo sozinho! (mesmo quando estou acompanhado) E não gosto! Aprendi a viver assim, a sentir saudades... saudades de tudo aquilo que fez e faz de mim o que sou, saudades de quem percebe em mim aquele que se vê do lado de fora (e, em alguns casos, o de dentro também), saudades de mim (aí), saudades, saudades... Saudades que vão moendo, moendo, moendo, moendo... até me esquecer que dói!

Chego a um ponto em que já não sei quase nada! Saio para a rua e parece que os ventos alísios me levam em partículas pelo ar... estou aqui e parece que não estou, penso no meu mundo e parece que não o lembro, olho em frente e parece que não vejo... e pelo meio, sempre presente, a razão primeira da distância, que de tão emocionante se transforma, gradualmente, numa rotina de pôr e tirar, pensar e dizer, escrever e apagar, ouvir e registar, falar, falar, falar... para, de vez em quando, alguém responder... E de repente, tudo muda, tudo se reajusta, tudo deixa de o ser, ganha outro sentido e o mundo fica ligeiramente mais pequeno!

Os dias passam passando, as novidades da manhã são já velhas de tarde, o dia e a noite fundem-se num único número de calendário de páginas consumidas pela pressa dos dias que atropelam tudo. A vida mudou, muda(!) e eu, vejo tudo de fora, prisioneiro de mim próprio, de objectivos e sonhos que ainda não percebo... e que levam tudo! Enquanto olhava para ver, fui consumido por uma avalanche de sensações e sentimentos, vontades, felicidades e desesperos, encontros e desencontros, sonhos e pesadelos, decisões, esperança e dor, solidão, solidão, solidão, solidão, solidão... o reencontro comigo mesmo, perdas cravadas na carne, na vida, ganhos que não se sentem e que só os vou perceber quando forem transformados na experiência da saudade... E só espero (desejo vão este) não ter de ouvir a frase “pois, imagino!” quando eu me distrair e contar como foi, como é...

Seis meses, dois, sete anos... Lisboa, Chiba, Tokyo, Lisboa, Praia... A vida num turbilhão intenso e extenuante... e eu só quero parar, enquanto ponho o pé de fora para dar mais balanço! Porquê? Não sei! No meio de tudo isto, as saudades! Fio condutor que me leva sempre de volta ao que não posso, não consigo, não quero deixar de ser... e ainda sou... e, ainda assim, o mesmo, diferente!

Vou sair, sorrir, abraçar, beijar, talvez diga alguma coisa... Mas sei bem como a gravidade no meu mundo é diferente, e os pés que parecem não saber andar!

...e se não servir para mais nada, já não será pouco saber da razão para apertar o abraço... e sentir o que se sente!

... é disso que tenho saudades agora!