7.7.06

... no 3º MUNDO!

Decididamente, a vida no 3º Mundo não é fácil! Tudo é terrivelmente lento, burocrático e ineficaz!
Chegado a Cabo Verde, de “ armas e bagagens ”, a uma casa cheia de coisa nenhuma (à excepção dos móveis, poucos e um posto de trabalho) foram precisas três semanas, com muitos telefonemas e chatices, para receber o “ enxoval ”, de casa e do escritório, tão prontamente despachado (via marítima) um mês antes da minha deslocação!
Tudo bem, já tinha toalhas, copos e talheres, cadeiras de escritório e alguns livros de trabalho, mas Internet, nem vê-la! Que o router que trouxemos não funcionava com o serviço de Cabo Verde, que o único sítio que vende equipamentos destes na Praia demora três semanas (no mínimo) a entrega-lo ao cliente e cobra uma pequena fortuna... enfim, depois de muitas solicitações, ajudas e com o eterno recurso a contactos pessoais, lá veio outro equipamento de Lisboa, e pude finalmente ligar-me ao mundo.
Estava tudo a correr bem, quando, no dia que chegou o router, o gerador pifou! Lá vou eu, no dia seguinte (sim, porque aqui é sempre “ no dia seguinte), trocar o motor por outro igual e, por enquanto, lá vai funcionando sem problemas durante as 6 / 8 horas diárias em que não há luz. Sim! Porque na Praia, durante a maior parte do dia (manhã e tarde, principalmente) não há electricidade em cerca de 80 % da cidade! Será verdade que é um problema derivado numa avaria na central eléctrica... mas o certo é que nem a avaria se resolve, nem podemos simplesmente ficar à espera (e assim lá vão cerca de oito litros de gasolina por dia!).
Já tinha gerador novo e estava pronto para trabalhar... quando a unidade UPS pifou! Devido às variações de corrente, agora estou sujeito a queimar o computador a qualquer momento! Se é da bateria ou da placa eléctrica, não sei. Sei é que foi preciso desencantar um técnico (mais um favor pessoal), para me dizer que, provavelmente, mesmo que se descubra o problema, a solução quase imediata, é mandar vir outro de Lisboa!
Até não me importo muito de viver num país sem água potável (a partir o dia em que descobri que a água só vem durante uma hora, todos os dias), com falhas constantes de electricidade, com uma pobreza extrema, onde queremos fazer “ as coisas fantásticas ” com que sonhamos! Agora o que é mesmo difícil é a solidão dos dias e, principalmente das noites, disfarçada com intermináveis tarefas de gestão do atelier, trabalho técnico e muita vontade de acreditar que tudo isto vale a pena!
João, Praia, Cabo Verde