29.9.06

Os meus...


Numa discussão, num destes bloges, um atrasado mental escreveu-me qualquer coisa como “deves ter uns pais muito à frente”, eu respondi “nem tu sabes quanto!”

Existem duas pessoas misteriosas e transparentes na minha vida... os meus pais! São um mundo dentro do meu mundo, um universo de saber, de saber viver, de saber amar! Não são perfeitos, não são senhores da razão nem da experiência. São a humildade em pessoa, abertos a um mundo novo, o dos filhos (queé deles também ), disponíveis para sonhos que extravasam os seus... Se os pais se realizam pelos filhos, os meus, realizam-se pela forma como os filhos souberam fazer-se homens, com sonhos, capacidade para os realizar... e para sonhar de novo!

Os meus pais são um paradigma para mim! Já os conheço há uns tempos e, ao virar de uma esquina, sei mais sobre eles. Falamos, choramos, rimos, vivemos juntos, bons e maus momentos... coisas fáceis e difíceis... sucessos e desilusões... sem complexos nem pudor! Como é possível saber tanto sobre os meus pais e continuar a descobrir mais e mais? É preciso ter uma vida cheia, para ter tanto para contar! Não são velhos com a mania da juventude, não são os eternos aventureiros... são pessoas que sabem o que viveram (e vivem ainda), sabem o que a vida custa, conhecem o gozo de viver! São uma escola viva, presente, longe ou perto, que me dão uma linha, um fio condutor... quando for grande quero ser como eles!

Já era muito bom, só assim... mas tenho um irmão! Um irmão que é meu (e eu dele), um homem que me conhece por dentro e por fora... que tem um orgulho por mim, igual ao que tenho por ele! Um homem que me completa, que é o que eu não sou, a outra metade que nasceu dos meus pais! Pergunto-me muitas vezes como podem dois irmãos ser tão diferentes e tão iguais? E a única resposta que encontro é no facto de sermos ambos livres de viver, sonhar, de aprender e ensinar, de construir e seguir o seu caminho, de acompanhar e compreender o caminho que não escolheu!

É com dor que me afasto e vou para longe! Não é por falta de amor ou despreocupação. É simplesmente porque este é o caminho que sonhei, com a liberdade e o apoio que eles, os três, me deram. Não é falta de amor ou saudade... é por orgulho no orgulho deles!


João, Praia, Cabo Verde.

25.9.06

Já vi a coisa mais simpática por aí...

17.9.06

Praia no seu explendor!


Para desanuviar um pouco, aqui fica uma pérola da Praia (mais precisamente da Rampa da Achada, onde eu moro).

Corre por estes lados, a noção de que a cidade está terrivelmente enterrada em lixo (que novidade!), e que corremos todos o risco de doenças, malárias, diarreias... (não me digam! Acordaram todos agora!).

Eu passo a explicar:

Lixo na Praia, sempre houve... Está é escondido! Escondido nos morros, nas favelas, nas ruas das traseiras... Por estes lados, e principalmente nos bairros pobres, o conceito de caixote do lixo é da maior amplitude... o lixo coloca-se onde está o outro lixo. Simples, não? E quem diz lixo (doméstico) diz tudo aquilo que não convém ter em casa, por causa do mau cheiro, dos bichos, de alguma (pouca) noção de pudor. Tudo isto acaba quando se sai para a rua (muitas vezes extensão directa da própria casa) que, por ser de todos, é livre de constrangimentos e, se é atrás daquele muro ou naquela ribeira seca que o pessoal vai fazer a sua cagada... não há qualquer problema! Isto para não falar da "bela mija", conveniente em qualquer sítio público ou privado... no passeio, no meio da estrada, em andamento, à porta do restaurante, na esquina da casa do Presidente da República (com o polícia a ver). Enfim...

Isto tudo para dizer que, é quando chove, quando chove a sério, que tudo isto sobe literalmente à tona, escorre, desce à cidade visível e, "ai Jesus que temos a cidade que é uma imundice!"

A primeira foto é um pequeno exemplo de tudo isto. O monte de lixo que vêem na estrada, escorreu a noite passada, lá de cima (Favela Brasil, vizinhos pois claro!). Abençoada chuva, que os coitados já não tinham muito espaço.

Resta saber quando é que a chuva vai acabar de lavar a rua nas traseiras da minha casa!

Com os olhos rasos de água...



Praia, 15 de Setembro, 2006

Por vezes não sei o que pensar!

Não tenho dúvidas de quem são os meus amigos e que tipo de relação tenho com cada um. Mas custa-me ter de os partilhar, com outras pessoas (muitas vezes mais importantes que eu) ou até com eles próprios, nos seus momentos de introspecção. Sou ciumento e, com resignação, lá vou deixando o espaço de cada um da cada qual.

Em outros momentos sinto que os perco! A todos, quando parto... Um-a-um, quando os vejo ir... Maior é a sensação quando os tenho ao pé de mim e não os sinto... porque não dá jeito, há outros compromissos... sei lá! Não quero culpar ninguém (se culpas houverem) sei que todos seguimos as nossas opções e caminhos, que cada um tem lutado como pode para entrar numa vida de avanços e recuos, altos e baixos... Mas, mesmo assim, sinto a falta de todos!

Os tempos não são fáceis, pelo menos para mim, e é sempre aos amigos que recorremos primeiro... quando eles podem ouvir. É bem verdade que a distância não ajuda nada, mas, por vezes, a angústia de me sentir só pesa demais!

É muito bom ouvir (ou ler) uma palavra de apoio ou amizade, mesmo que venha sob a forma de um simples olá, de um pedido de ajuda ou de um e-mail para deitar fora. É bom saber que não me esquecem e, por qualquer motivo, mantenho um lugar cativo em tantos lugares ao mesmo tempo! Mesmo assim, é impossível deixar de ficar triste! É como acordar e saber-se, de repente, no fim-do-mundo... longe de quem adoro!

No fundo, só queria mesmo retribuir o beijo (que ainda não chegou!) mas pesa-me a sensação do abando a que me presto... e perco as forças para sorrir! A saudade é lenta, corrói, confunde-nos os olhos e os sentimentos! É um sentimento que só tem sentido na perspectiva do reencontro... e é nisso que penso enquanto escrevo!

Beijo, linda...!

16.9.06

London, Sept. 2006

Ben, O Grande
A Millennium Bridge vista do Tate (Norman Foster)
O Tate Modern visto da Millennium (Herzog & de Meuron) A esmagadora entrada do Tate
O Mestre em cêra - Madame Tussaud's
O render da Guarda - Buckingham Palace
British Museum (Norman Foster)
"The Gherkin" (Norman Foster)
Tower Bridge
London City Hall (Norman Foster)
Portobello Market
Camdem Market Camdem - rua de comércio "alternativo"
Chelsea

10.9.06

A boiar dentro de mim...


Costumo dizer que, um homem é o que é em cada lugar onde esteja. Existe uma personalidade própria e minimamente constante, não há dívida, mas é certo que o lugar e todos os seus factores, são forças incontornáveis no molde da pessoa que assumo ser!

Quando estou longe, tenho tendência para falar menos, mais devagar, ver e ouvir. No entanto, com o tempo de permanência e aprendizagem, começo a filtrar a informação e ganho uma nova forma de estar. Mais tranquilo e mais solitário! Parece que passo a viver numa dimensão paralela, só minha, onde entro e saio a meu belo prazer. Um universo feito de pensamentos, livros e imagens que vou gravando no fundo dos olhos, cheiros que sinto sempre (mesmo quando já não me repugnam), vozes, ritmos e rotinas. E não haveria nenhum problema... não fosse eu uma pessoa que precisa da partilha para dar sentido ao que aprende!

Há coisas que não se explicam, por maior que seja a nossa eloquência. São coisas que têm de ser vividas, no local, no momento e com a amplitude de espírito necessária. Não basta ver e ouvir! É preciso deixar entrar pelos poros, sem preconceito, sem questionar os porquês culturais, sem nos deixarmos levar pela tendência constante que é a de atribuirmos uma verdade maior ao que somos por natureza. São essas experiências, quase insignificantes no dia-a-dia e que, somando todas (porque são muitas!) formam o conjunto de factores que fazem a erosão do que somos. Ganhamos formas que não sabemos explicar... que não saberão compreender!

Mas se não o posso partilhar, para além da pessoa que sou e que virei a ser, para que serve tudo isto? Sinto-me sempre a transbordar de coisas que não posso ou não sei partilhar... porque de nada me serve a partilha se não for plena! Pesa... e carrega mais um pouco a cada dia, um mundo que me vai entrando pelos olhos sem pedir licença e sem culpa da vontade, também ela inexplicável, que me leva a querer olhar e ver...

Quando volto a casa, ao meu mundo, não volto o mesmo que partiu... mas também não espero voltar o mesmo que ali não esteve. São momentos que não fazem sentido em dois lugares diferentes e, para além das pessoas que vou ganhando e perdendo para sempre, é desses estados de alma que sinto as maiores saudades!

4.9.06

Porque quando chove...

... chove mesmo!


Esta é uma das estradas que dá para o cruzamento em frente ao atelier... cortada, claro!