31.7.06

Zero 7


Costumo classificar-me como um verdadeiro sortudo... ainda assim não deixo de reclamar sempre que me trocam as voltas...!

Já bastava estar no Japão quando os Zero7 foram pela primeira vez a Portugal... Não valia a pena repetirem a gracinha!
Ps - Hã...! À força de um gerador do ciganos, mas na crista da onda da tecnologia bloguista!
A EMIGRAÇÃO SEMPRE À FRENTE!!!

30.7.06

Gasolina?


Começo a ficar descredibilizado!

Já ninguém me leva a sério quando o computador vai a baixo por falta de gasolina!

João Gomes, Praia...

28.7.06

A panela do cozido... é p’ra meninos!



Um convite para ir à praia é sempre de aceitar. Estender-me ao sol, descontrair, ganhar uma cor... fugir da confusão da cidade. Tudo isto parece normal e convidativo... não estivesse eu em Cabo Verde!

Por estas bandas a praia é um destino concorrido, todos os dias da semana e, principalmente, ao fim-de-semana. Nada de novo para mim, apesar de não ser o banhista modelo, gosto de passar pelas brasas numa “cama” de areia moldada ao corpo. Mas aqui a malta vai à praia sociabilizar, na verdadeira acepção da palavra!

Famílias inteiras, primos, enteados, amigos e amigos dos amigos, numa verdadeira cruzada de pic-nic, malas e bagagens, fogareiros, sacas de carvão, geladeiras do tamanho da minha banheira, colunas de som de dois metros de altura, mesas-de-som alimentadas por gerador e tudo mais que caiba no carro, carrinha ou camião, e que à força de braços e muita vontade de montar o arraial, compõem a “tranquilidade” da Praia Baixo!

Os putos, entre um bica grelhada e uma perna de frango, passam o dia enterrados até ao pescoço em areia preta e intermináveis banhos de mar... Os pais vagueiam pela praia em constantes cumprimentos e visitas de cortesia aos “residentes” do areal, oferecendo uma cerveja ou um peixe fantástico que o cunhado está a preparar... A malta nova vai aquecendo ao som (estupidamente alto) do “cu duro”, em passos de dança que impressionam qualquer das amigas que sempre vai tirando as medidas, pelo canto do olho, aos bailarinos ocasionais... E o desgraçado do cunhado carrega, monta, cozinha e gere um verdadeiro restaurante de grelhados e churrasco para quem quiser... “só mais uma perninha que está mesmo boa!” Vinho, cerveja, grogue ou ponche... há de tudo como na farmácia!

No fim do dia, com a praia num estado lastimável de lixo, copos, pratos, garrafas e caricas, está o estaminé recolhido e arrumado na caixa aberta da carrinha, com a promessa de, na próxima semana, se trazer mais uma saca de carvão... “que dez quilos não chegam!”

João, Praia, Cabo Verde... a ganhar uma cor!

24.7.06

CONCLUSÃO

"É um mundo diferente do nosso. Ao príncipio, não o compreendemos bem - e julgamo-nos inadaptados. Depois vamo-lo conhecendo e vamo-nos sentindo presos pelo ambiente. Então amamo-lo, sentimo-lo, vivemo-lo... Tem-se a impressão que a nossa alma se modificou, se transformou. Deixámos de ser ocidentais, porque o ambiente nos deu uma outra alma, ou estado de alma diferentes do que tínhamos. Esquece-se. Alguma coisa se cria em nós que apaga o que antes erámos, porque duas almas raro podem subsistir no mesmo invólucro material. E se é verdade que alma que perdemos se há-de readquirir um dia, verdade é também que ela não deixa de sofrer as consequências de sensações e imagens que teve e observou."

PAÍS DE SONHO E ENCANTAMENTO, TIMOR 1930


Já não estou em Timor-Leste...!
(LAMENTO MAS ESTE POST É A REPETIÇÃO DO QUE ESTÁ NO ENTRE SONHOS... ANDO SEM MUITA VONTADE DE ESCREVER - BEIJOS E ABRAÇOS)

23.7.06

Aniversário...




Para mim são sete anos...!

Sete anos em que mudaste a minha vida para sempre... Sete anos de vida, lágrimas, carinho e, agora, saudade!

Sete anos de aniversários, momentos e datas sem fim... Sete anos que me trouxeram outra definição de amizade!

Sete anos de felicidade por me lembrar deste teu dia ... Beijos, abraços e tudo mais que caiba no sorriso dos meus olhos... enquanto escrevo e me lembro de ti!

Parabéns, linda...!

João, Praia... com saudades!

21.7.06

Bricolage...



Muitos conhecem a minha crónica (talvez genética) falta de jeito com tudo o que seja trabalhos de minúcia ou simples cuidado manual! É terrível... sou o verdadeiro “aldrabão do corte e costura”!

... mas hoje estive possuído pelo demónio da bricolage!

João, FFCB - Arquitectos, Praia, Cabo Verde!

19.7.06

Paralelismos

João -> Cabo Verde -> empregada cabo-verdiana

Carine, Miguel -> Suiça -> empregada portuguesa

... TER EMPREGADA!

16.7.06

LUGAR... AQUI...


Quando se chega, com a nossa “casa” dobrada e comprimida em malas que teimam a pesar mais do que devem, a um país novo, tudo são perguntas para mim. Quem me conhece um pouco sabe que vivo eternamente na “idade dos porquês”, tudo é questionado, pensado, justificado e projectado, por uma cabeça masoquista e demasiado chata para muitos (incluindo para mim, às vezes).

Chegar a Cabo Verde não foi pacífico para a minha cabeça! Não é um caso especial este... foi o mesmo drama em outros lugares do mundo... e nem é preciso sair de Portugal... basta ser novo para mim.
Já me tinham dito uma vez, quando parti para o Japão que “não vale de nada questionar, simplesmente aceita! São pessoas, realidades diferentes, nem melhores nem piores, simplesmente diferentes...” Custa um pouco a acreditar, mas é mesmo assim! Mas, como eu sei como a minha cabeça funciona, também sei que demora algum tempo a aceitar o inevitável e passar a ver as coisas sem o filtro do preconceito mental de quem acaba de chegar da “terrinha”. Sei que demora mais ou menos um mês... um mês de puro masoquismo!
Quando se visita Cabo Verde, com um olhar de ver, que vá para além do peixe bom e barato e das praias desertas, é quase impossível deixar de pensar “porque é que esta gente insiste em viver aqui?” É, na verdade uma pergunta muito estúpida! Bastava responder “porque é a sua terra!”, mas não! A mente continua a pensar... a pensar em que malvado castigo é este, o de viver rodeado de mar, sem um fio de água para beber... Isto tudo sem falar nas pessoas que vivem a quilómetros de qualquer resquício de cidade ou coisa que se pareça, no meio de um deserto que nem isso é no concreto, numa terra cinzenta de pedra e pó, onde o olhar de uma criança sentada numa pedra se perde num infinito, sem brilho nem sonho! Onde a única certeza para muitos é a da sua pobreza... e quando parece que vai chover, lá estão eles de novo a remexer a terra, lançar semente, nos lugares mais improváveis... para ver depois as nuvens partir para ir chover no mar! Como é possível amar este lugar, feito de sofrimento, de luta... um degredo feito lugar, um lugar vivido por quem realmente lhe sabe dar valor!
Não sei o que leva a esta paixão... mas depois lembro-me da solidão nostálgica do Alentejo (que não sendo meu, sinto como tal), no olhar de um velho que ali morre todos os dias mais um pouco... onde viveu e lutou por viver... para quem o único luxo na vida foi mesmo o de ter todos os dias a violência da sua terra, a sua paisagem, cravadas no fundo dos olhos!
... e tudo me parece fazer mais sentido!
Como será viver sem amar o seu lugar?
João, Ilha de Santiago, Cabo Verde...

11.7.06

UPS's

Já que andamos numa de discutir electricidades e coiso e tal... posso dizer que aqui no escritório, na bela Díli, temos uma pequena pilha de ups's que deram o berro... Arranja já um espacinho João para as pôr!

9.7.06

Saudações do 80 para o 8!

Nós, é aqui que estamos, mesmo no centro de Genève a 5 minutos a pé da Cidade Velha, a 10 do Léman, o Arve de um lado, o Rhône do outro e no seio do mundo moderno e civilizado.
Por aqui tudo funciona, não há UPS porque a energia, para além de nunca falhar, apesar das constantes trovoadas, é muito estável.
É impressionante tamanha organização, tanto método, disciplina, ordem. Precisa-se de uma coisa num dia e tem-se nesse mesmo dia. Pode-se confiar no sistema porque se sabe que funciona, cumprindo a parte que cabe a cada um o Estado não deixa de cumprir a sua.
Assim, é fácil habituar-me a isto...

7.7.06

... no 3º MUNDO!

Decididamente, a vida no 3º Mundo não é fácil! Tudo é terrivelmente lento, burocrático e ineficaz!
Chegado a Cabo Verde, de “ armas e bagagens ”, a uma casa cheia de coisa nenhuma (à excepção dos móveis, poucos e um posto de trabalho) foram precisas três semanas, com muitos telefonemas e chatices, para receber o “ enxoval ”, de casa e do escritório, tão prontamente despachado (via marítima) um mês antes da minha deslocação!
Tudo bem, já tinha toalhas, copos e talheres, cadeiras de escritório e alguns livros de trabalho, mas Internet, nem vê-la! Que o router que trouxemos não funcionava com o serviço de Cabo Verde, que o único sítio que vende equipamentos destes na Praia demora três semanas (no mínimo) a entrega-lo ao cliente e cobra uma pequena fortuna... enfim, depois de muitas solicitações, ajudas e com o eterno recurso a contactos pessoais, lá veio outro equipamento de Lisboa, e pude finalmente ligar-me ao mundo.
Estava tudo a correr bem, quando, no dia que chegou o router, o gerador pifou! Lá vou eu, no dia seguinte (sim, porque aqui é sempre “ no dia seguinte), trocar o motor por outro igual e, por enquanto, lá vai funcionando sem problemas durante as 6 / 8 horas diárias em que não há luz. Sim! Porque na Praia, durante a maior parte do dia (manhã e tarde, principalmente) não há electricidade em cerca de 80 % da cidade! Será verdade que é um problema derivado numa avaria na central eléctrica... mas o certo é que nem a avaria se resolve, nem podemos simplesmente ficar à espera (e assim lá vão cerca de oito litros de gasolina por dia!).
Já tinha gerador novo e estava pronto para trabalhar... quando a unidade UPS pifou! Devido às variações de corrente, agora estou sujeito a queimar o computador a qualquer momento! Se é da bateria ou da placa eléctrica, não sei. Sei é que foi preciso desencantar um técnico (mais um favor pessoal), para me dizer que, provavelmente, mesmo que se descubra o problema, a solução quase imediata, é mandar vir outro de Lisboa!
Até não me importo muito de viver num país sem água potável (a partir o dia em que descobri que a água só vem durante uma hora, todos os dias), com falhas constantes de electricidade, com uma pobreza extrema, onde queremos fazer “ as coisas fantásticas ” com que sonhamos! Agora o que é mesmo difícil é a solidão dos dias e, principalmente das noites, disfarçada com intermináveis tarefas de gestão do atelier, trabalho técnico e muita vontade de acreditar que tudo isto vale a pena!
João, Praia, Cabo Verde

6.7.06

FINALMENTE!



Finalmente ligado ao mundo!

Foram dias de desespero e contas astronómicas de telefone! Sem net, neste fim-de-mundo, parece que estamos em outro planeta! É tudo demasiado surreal para fazer sentido! Enfim, cá estou, de volta, e pronto para me fazer valer no vazio da net... no meu mundo cheio de tudo... já espalhado por este mundo!

Ainda branco como a cal, cansado e demasiado longe de casa! Nunca poderia imaginar que Cabo Verde é mais longe de casa que o Japão... A solidão é uma prensa que esmaga tudo! Resta-me este espacinho, entre correrias, trabalho, reuniões e outras trapalhadas caboverdianas, para reclamar o meu espaço em minha casa... que já vou tendo dificuldades em saber onde é! Por enquanto é aqui... num calhau à deriva no Atlântico!

João, Praia, Cabo Verde... à deriva!